Thalia Bianchini

6 de mai. de 2023

Comportamento Verbal e a Importância da Comunicação Alternativa no TEA

O comportamento verbal, conforme proposto por Skinner (1957), refere-se a qualquer forma de comunicação mediada por outra pessoa, não se limitando à fala vocal. No contexto do Transtorno do Espectro Autista (TEA), essa perspectiva é essencial para compreender e desenvolver estratégias eficazes de comunicação, incluindo o uso de sistemas de Comunicação Alternativa e Aumentativa (CAA).

O que é Comportamento Verbal?

Skinner (1957) definiu o comportamento verbal como um conjunto de respostas comunicativas mantidas por reforços sociais, englobando diversas modalidades, como:

  • Mando: quando a comunicação ocorre para solicitar algo.
  • Tato: nomeação de objetos, ações ou eventos.
  • Ecoico: repetição do que é ouvido.
  • Intraverbal: respostas verbais sem a presença do estímulo original, como em uma conversa.

Desmistificando o Mito: A Comunicação Alternativa Inibe a Fala?

Um dos mitos mais recorrentes sobre a CAA é que seu uso poderia impedir o desenvolvimento da fala vocal. No entanto, pesquisas demonstram que a CAA não apenas facilita a comunicação, mas também pode atuar como um facilitador para a fala (Schlosser & Wendt, 2008). Recursos como pranchas de comunicação e aplicativos auxiliam na organização da linguagem e reduzem frustrações associadas à dificuldade de expressão (Ganz et al., 2014).

A Importância da Comunicação Alternativa no TEA

Indivíduos com TEA frequentemente apresentam dificuldades na comunicação funcional e podem se beneficiar da CAA. Segundo Light et al. (2019), a CAA pode:

  • Reduzir comportamentos desafiadores ao oferecer meios eficazes de comunicação.
  • Promover maior independência e inclusão social.
  • Estimular a fala vocal em crianças com potencial para desenvolvê-la.
  • Aumentar a interação social e o repertório de comportamentos verbais.

Conclusão

Compreender o comportamento verbal além da fala vocal é essencial para promover a comunicação no TEA. A CAA não impede o desenvolvimento da fala, mas amplia as possibilidades de interação e expressão. Investir nesses recursos significa melhorar a qualidade de vida e o acesso à linguagem para indivíduos com dificuldades comunicativas.

Referências

  • Ganz, J. B., et al. (2014). AAC interventions for individuals with autism spectrum disorders: State of the science and future research directions. Augmentative and Alternative Communication, 30(3), 203-216.
  • Light, J., et al. (2019). The Impact of Augmentative and Alternative Communication Intervention on Speech Production in Individuals with Developmental Disabilities: A Research Review. Journal of Communication Disorders, 81, 105-120.
  • Schlosser, R. W., & Wendt, O. (2008). Effects of augmentative and alternative communication intervention on speech production in children with autism: A systematic review. American Journal of Speech-Language Pathology, 17(3), 212-230.
  • Skinner, B. F. (1957). Verbal Behavior. Appleton-Century-Crofts.