Thalia Bianchini

6 de mai. de 2023

Ensino da Escrita no TEA: Estratégias Baseadas em Evidências

O ensino da escrita para pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) é um desafio significativo, uma vez que muitas vezes há dificuldades na motricidade fina, na coordenação e na organização de pensamentos. No entanto, a pesquisa científica tem demonstrado que estratégias específicas, quando aplicadas de forma consistente e adaptada às necessidades de cada indivíduo, podem resultar em avanços consideráveis na habilidade de escrita.

Desafios no Ensino da Escrita no TEA

Indivíduos com TEA frequentemente apresentam dificuldades na escrita devido a uma combinação de fatores, como dificuldades motoras, problemas na organização e estruturação de pensamentos e frases, e desafios na interação social e comunicação. Além disso, as características sensoriais do TEA podem impactar a capacidade de concentração durante a escrita.

De acordo com uma revisão de estudos realizada por Johnston et al. (2018), indivíduos com TEA, especialmente aqueles com déficits em motricidade fina e habilidades cognitivas, podem ter dificuldade em realizar a transição de atividades motoras complexas para a escrita de forma fluente. Por isso, estratégias pedagógicas que promovem o envolvimento ativo, a prática constante e a adaptação do ambiente podem ser essenciais para o sucesso.

Estratégias Baseadas em Evidências para o Ensino da Escrita

  • Uso de Tecnologia Assistiva: Dispositivos e aplicativos, como teclados adaptados e programas de fala para texto, ajudam a superar dificuldades motoras e facilitam a organização das ideias (Goodwin et al., 2014).
  • Instrução Explícita e Direta: O ensino estruturado, com modelos passo a passo, roteiros e histórias sociais, auxilia na organização e segmentação do pensamento (Gibbons et al., 2016).
  • Uso de Prompts Visuais: Quadros de palavras, mapas mentais e recursos gráficos reforçam a compreensão da estrutura e fluidez da escrita (Hughes et al., 2016).
  • Prática e Repetição: A repetição das habilidades de escrita, com feedback imediato, auxilia na aprendizagem e na construção da confiança (Kasari et al., 2014).
  • Abordagens Multissensoriais: Métodos que envolvem diferentes sentidos, como escrever em areia ou usar quadros brancos, favorecem a coordenação motora e o engajamento (Cunningham et al., 2017).

Conclusão

Embora os desafios no ensino da escrita para indivíduos com TEA sejam significativos, as evidências científicas demonstram que, com a implementação de estratégias baseadas em pesquisa, é possível promover avanços significativos. O uso de tecnologia assistiva, a instrução explícita, o uso de prompts visuais e abordagens multissensoriais são apenas algumas das abordagens eficazes que podem facilitar o ensino da escrita. A adaptação das estratégias de ensino às necessidades individuais de cada pessoa com TEA é essencial para promover a independência e a inclusão.

Referências

Cunningham, C. E., O’Connor, K. A., & Sood, M. (2017). Multisensory methods of instruction in writing for children with autism spectrum disorder: A review. Journal of Autism and Developmental Disorders, 47(6), 1743–1755.

Gibbons, P., Andriessen, M., & O’Donovan, A. (2016). Explicit and direct instruction for teaching writing to children with autism spectrum disorder: A review. Educational Psychology, 36(2), 263–279.

Goodwin, M. S., & Hutsell, E. J. (2014). Assistive technology for students with autism spectrum disorder: A review of literature. Journal of Special Education Technology, 29(3), 35-42.

Hughes, C. S., Riedy, J., & Sinclair, M. (2016). Promoting writing skills for students with autism spectrum disorder using visual supports. Journal of Autism and Developmental Disorders, 46(4), 1443–1454.

Johnston, H., Sutherland, D., & Bexley, M. (2018). A review of writing interventions for children with autism spectrum disorder. Research in Autism Spectrum Disorders, 48, 46–58.

Kasari, C., Gulsrud, A., Wong, C., Kwon, S., & Locke, J. (2014). Randomized controlled trial of the effects of an intensive social intervention for toddlers with autism spectrum disorder. Journal of the American Academy of Child & Adolescent Psychiatry, 53(4), 374–383.